Episódio IV - Patéticos

“Seres humanos... deveriam ser chamados de seres desumanos. Eles são estranhos, sem escrúpulos, podres, patéticos, verdadeiramente patéticos. Apresentam flutuações de humor, problemas de relacionamento com seus “iguais” e personalidades muito variadas, vidas insuportavelmente problemáticas, tudo é motivo para reclamar, nada NUNCA esta bom, o vizinho sempre tem um jardim mais bonito, que seres mais ridículos, não consigo entendê-los, na verdade nem quero, convivo com eles por falta de opção, também detesto animais então acho que viveria melhor sozinha, a realidade é que sou melhor que todos eles, eu sou especial.”

A moça anda pela rua escura, não há como olhar para os lados e não sentir raiva, humanos que seres desprezíveis, acomodados e preguiçosos, suas melhores descobertas e invenções não passam de jogadas de sorte: uma maçã, uma pipa, uma coisa obsoleta que mostra para eles o que já esta latente, bem na frente da sua cara.
Ela andava por aquelas ruas, úmidas e sujas, era uma noite fria, daquelas de sair fumaça da sua respiração, havia um pouco de névoa no ar, poucas das lâmpadas da rua não estavam estragadas ou depredadas, entre seus dons, ela obteve os de sentir outros dons quanto mais poderoso mais perfumada era a pessoa, ela já se acostumara a sentir o cheiro da podridão vindo por todos os lados, todos tão patéticos que ela não sentia pena, e sim ódio. Mas naquela noite ela sentiu um aroma diferente de todos que já havia sentido, algo que lhe chamou muito a atenção, um perfume tão forte que exalava por toda a rua, ela viu de longe da onde aquele perfume vinha, um belo rapaz de cabelos curtos castanhos envolto em seu sobretudo preto andava tranquilamente, ouvindo a música que saia dos seus fones. Ela notou rapidamente, ele era especial, talvez mais do que todos os outros que ela já tinha visto, talvez até mais do que ela, que coisa inacreditável! Será que finalmente ela havia encontrado alguém como ela? Que via que aquela humanidade fraca e acomodada precisava de um líder forte e impiedoso para comandá-la, talvez os dois juntos pudessem governar o mundo...
Ela o chamou, mas ele estava de fones e não ouviu a moça, ela se irritou, nunca gostou de ser ignorada, principalmente quando se interessava por algo, deu-lhe um puxão no casaco o fazendo prestar atenção nela,quando falou com ele notou que ele nem imaginava todo seu potencial, o que o tornava mais patético que o resto, ele não merecia seu dom, o dom dele tinha que sair dele, o dom dele tinha que ser dela...
Pessoas se aglomeraram em volta da briga, entre essas pessoas, estava Alice que parou por notar que era seu amigo Matheus um dos envolvidos, Luiza que passava pelo local e foi querer ver o que acontecia e Otávio que de cima de um prédio observava tudo o que ocorria no local.
A moça queria o dom de Matheus e estava indo buscar, Matheus levantou a mão para se defender e da sua mão saiu um raio que atingiu em cheio a menina que chegou a voar pelo ataque sofrido, no ar ela pensou “Como eu perdi para um cara tão patético? Agora eu vou morrer... e nunca, NUNCA MAIS eu vou poder consertar isso, ela perdeu sua superioridade para sempre, Alice se surpreendeu ao ver que Matheus era capaz de soltar raios e choques que nem ela, Luiza se apavorou ao ver alguém morrer tão perto dela, Matheus se apavorou com a idéia de ter matado alguém, Otávio desceu do prédio e decidiu que era hora de agir, o corpo da menina bateu no chão, uma ambulância logo chegou, ninguém havia chamado a ambulância, e no outro dia não havia nada nos jornais.
Bibi estava saindo da aula, ela e sua amiga Laira iam em direção a sua casa, hoje Laira iria dormir na casa da Bibi, elas conversavam sobre tudo que aconteceu em suas vidas desde seu ultimo encontro, até que foram paradas por um homem de cabelos escuros e curtos, moreno e alto com óculos de grau parou na frente das meninas e disse:
- Gabriela Gamino? – disse o homem.
- Sim, sou eu. – disse Bibi assustada.
- Olá vim falar com você sobre o seu dom. – disse o homem por cima dos óculos.
Bibi sente um frio na espinha, a única pessoa que sabia do seu dom era Martinez e ela tinha certeza que ele não contaria isso para um estranho, pensou se havia se metido em problemas, mas antes que pudesse falar o homem lhe interrompeu.
- Você sabe do que é capaz e há alguém que precisa muito de você... Muito mesmo, eu sei que você é uma pessoa boa, você tem que ajudar. – disse o homem.
Bibi pensou um pouco e disse:
- Muito bem, eu irei ajudar!
- Mas Bibi... – disse Laira logo sendo interrompida.
- Laira depois eu te explico, agora alguém precisa de mim. – disse Bibi decida - qual o seu nome? – disse Bibi ao homem.
- Sthal, Wilker Sthal eu represento uma sociedade antropológica sem fins lucrativos, venha entre no meu carro.
Bibi entrou no carro e o carro arrancou.
“Eu sempre fui alguém especial, destinada a coisas incríveis, a coisas impressionantes, para comandar esse mundo, mas agora eu morri, sou só um pedaço de carne, ali parado, será que eu estou no céu? Porque aqui é muito calmo para ser o inferno. Eu ainda não acredito que morri assim, que patético... eu ainda não sei como, mas quero vingança, ele me rebaixou, tirou minha superioridade e agora deve pagar por isso! Eu jamais esquecerei seu rosto, e o farei se rebaixar perante a mim, eu voltarei a ser superior, como eu ainda não sei, mas vou até lá eu preciso ficar mais forte...”
A moça acorda respirando forte, esta nua com apenas um lençol lhe cobrindo, ela esta viva novamente e sabe exatamente o que quer fazer...
CONTINUA...