Episódio XVII - Queimaduras

     - Eu conheci você no futuro, Matheus. Eu consigo dobrar o tempo, ir e voltar nele. – diz Ott.

    - Faz sentido, quando eu te conheci você parecia mais velho. Ele me falou sobre o meu dom.

     - E qual é o seu dom?

     - E-eu não sei...

     - E ele – Ott balançou a cabeça em tom de negação – e eu... disse mais alguma coisa?

     - Disse para eu cuidar dele, quer dizer de você, eu acho.

      - Cuidar de mim? Como assim?! – disse Ott preocupado com a própria segurança.

      - Eu não sei! Você não me explicou tudo, na verdade, você não me explicou nada! O que eu te disse quando você me viu na sua viagem no tempo?

      - Eu achei você por acidente na minha viagem, você estava chorando, a cidade estava toda destruída, e disse que a culpa de tudo aquilo acontecer era sua e que eu tinha que encontrar ele – disse Ott apontando para VG – você me disse que com ele eu poderia achar você e estava certo com o dom de achar pessoas do VG foi possível te encontrar.

      - Pena que é só com pessoas, queria poder achar coisas mais interessantes como um bilhete premiado da megasena; uma Ferrari de primeira linha zero quilometro; ou um computador que rodasse GTA IV e fizesse download de anime ao mesmo tempo sem dar nenhum lag.

      - Quer dizer que meu futuro é destruir o mundo?

      - Você me disse que eu tinha que juntar o máximo de pessoas com dons que era o único modo de te parar.

      - ME PARAR? Você quer dizer me abater, não é? Porque só podiam estar falando disso; Morte.

      - Sinceramente, eu não imagino.

      - Terei que decidir entre a vida de várias pessoas ou a minha? – diz Matheus dando um soco na mesa – Que ótimo! E eu já tenho data para morrer?

      - Eu não sei quando é... eu não perguntei nada disso.

      - Eu que sempre prezei pela justiça, o bem e a honra agora me torno o vilão.

      - Calma, talvez isso possa ser consertado.

      - Como? Me matando? Porque não vejo outra forma! Grande porcaria! Eu não quero morrer ainda, mas também não quero ser responsável por uma catástrofe.

      - Bem, já é tarde; já é hora de as criancinhas estarem na cama, embora seja uma viagem longa, a parte boa é que teremos um ao outro para conversar!- disse VG dando tapinhas nas costas de Ott.

      - Se vocês quiserem podem dormir na minha casa, amanhã levo vocês para a sua. Agora está muito tarde e isso é bem perigoso, ficar perambulando por aí há essas horas.

      - Ok! – respondeu Ott.

       - Muito bem, vamos para o meu carro – diz Matheus andando em direção a porta e com VG e Ott lhe seguindo.

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       Já há algum sangue no chão, Renata não consegue revidar, já com muita dor em todo o corpo, principalmente em seu estomago, levou muitos chutes, mas não soltou um gemido, grito ou lágrima, ela conteve toda a dor para si; seu orgulho não permitia que ela mostrasse qualquer sinal de fraqueza.

      - Vamos! Implore para que eu pare – dizia o rapaz enquanto batia mais e mais nela – ou então me impeça... Hehe... Agora me diga, onde está a sua superioridade, Anne? Toda a sua força? Todo aquele seu poder? – diz o rapaz segurando o crânio da menina com força para causar dor.

       - Meu nome... É Renata... – disse Renata tentando não demonstrar dor e no lugar disso coragem.

       - Não é Renata! Assim como também não é Anne! Só você sabia o seu nome e agora que perdeu a memória hahahah bem, ninguém sabe quem é você. Como se sente? Como se sente ao perceber que você não é nada?

       - Eu já sei o bastante sobre mim, posso não saber quem sou, mas sei quem quero ser... Posso não saber da onde vim, mas sei para onde quero ir, posso não saber o que vivi, mas sei quem quero matar...

       - E quem você quer matar?

       - Nesse momento, penso somente em você.

       - Kkkkkkkkk continua com a mesma língua afiada de sempre, bem você tem todos os motivos para me odiar... Mas não se lembra e isso ajuda muito...

       O rapaz prepara-se para dar mais um soco na moça, mas sua mão é parada no ar como se por uma barreira.

       - Hahahahahah – gargalha a moça – Quem disse que eu não lembro mais, Rubert? Acho que as coisas irão mudar a partir de agora...

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      Matheus, Ott e VG estão no carro indo em direção a casa de Matheus, eles conversam sobre seus poderes e sobre a conseqüência disso no mundo.

      - Eu ainda não consigo entender o meu dom, ele parece se modificar a toda hora... Uma hora eu solto raios, outra derreto as cordas de aço da minha guitarra, ouço vozes, vejo coisas... - diz Matheus 

      - Invisibilidade ou Levitação, Matheus? – pergunta Ott.

      - O que? – pergunta Matheus sem entender nada.

      - Essa é a pergunta básica dos comics, e representa muita coisa da pessoa; A proteção da invisibilidade e a chance de analisar tudo minuciosamente antes de agir ou o prazer de voar e se atirar para o mundo novo sem ter a chance de olhar para trás. Qual dos dois você prefere?

       - Eu não sei... Depende, isso não é uma coisa assim... Existe situação para se agir das duas formas.

       - É verdade, na realidade não existe uma resposta certa para essa pergunta por que é uma pergunta pessoal cada um responde o que acha melhor, por isso que ela é A pergunta e não uma pergunta.

        - Se tudo nesse mundo tivesse uma resposta só seria tudo mais fácil, mas não é assim que funcionam as coisas, eu vi pessoas enquanto estava tendo a convulsão vi onde estavam, vi uma amiga minha e tenho que arranjar um jeito de salva-la! Vi alguém que eu acreditava estar morta, e vi também alguém... que eu não sei se preferia não ter visto...

        - Nem sempre vemos o que queremos ver, mas a maioria das vezes vemos aquilo que temos que ver e sinto te dizer mas se você é que nem eu, você viu aquilo que quis ver... Aquilo que seu cérebro quis mesmo que inconscientemente ver, as pessoas pelas quais você se preocupa. – diz VG com um tom sério, Ott se impressiona já estava acostumado com VG falando besteira era incrível ver que às vezes ele falava sério, era sinal de que mesmo as pessoas achando que ele era um louco ainda havia bastante sanidade naquela cabeça.

       Eles estão na porta da casa de Matheus, Matheus mexe nas chaves quando eles ouvem um barulho vindo de dentro da casa.

       - Nossa, mas a isso é a casa da Mãe Joana todo mundo entra na sua casa, rapaz. - disse VG para Matheus.

       - Shhh – diz Matheus botando o dedo na frente da boca pedindo silêncio e pegando um galho que estava no chão como arma para defendê-los.

       - Nossa, ele tem um galho e não tem medo de usá-lo cuidado Senhor Ladrão...- disse VG ironizando.

       - VG fica quieto! – diz Ott que também estava concentrado no que iria acontecer.

       Matheus abre a porta da sua casa com calma para não fazer barulho e olha para dentro, a casa está com todas as luzes apagadas e com várias velas acesas, de costas para a porta uma bela moça de cabelos ruivos acendia mais velas, ao notar a presença do dono da casa se vira e larga o isqueiro e olha para ele.

       - Math, olá! – diz a moça sorridente para ele.

       - Grazi? O que você faz aqui?!

       - Eu voltei...

       - Bem, isso eu notei, mas o que você faz aqui na minha casa?

       - Eu não posso mais rever meus velhos amigos, Matheus?

       - Poder pode, mas liga antes e espere ser convidada antes de entrar na casa de alguém, não é algo muito educado invadir a casa dos outros e acender várias e várias velas.

       - Bem isso... É o verdadeiro motivo de eu estar aqui, eu vim para te ajudar Matheus.

       - Como me ajudou da última vez?

       - Nossa... Você ainda guarda rancores... Bem é como eu imaginava que seria; mas não como eu dizia, vim aqui para lhe ensinar e dar algumas dicas como você pode notar – diz Grazi estendendo a mão quando as chamas de todas as velas saem de seus  pavios e vão ao encontro da palma de sua mão – eu tenho muuuuuuitos truques para lhe ensinar. - a moça leva as chamas até o seu cabelo que entra em chamas como se estivesse molhado por gasolina criando uma chama espessa e avermelhada no local aonde deveria de ser o cabelo da moça fazendo um festival pirotécnico na casa de Matheus.

       Matheus se surpreende com aquilo parece que todos a sua volta têm algum tipo de dom inacreditável. Há algumas semanas atrás isso seria mais impossível ,mas agora já se tornara muito natural.

      - Eu vim para te treinar e lhe ajudar a entender os seus poderes não temos tempo para resolver nossos antigos problemas, agora é hora de você entender o que está acontecendo com você e isso, com certeza é muito mais importante.

      - É essa moça aí é meio cabeça quente, hehe, mas também não dá pra dizer que não é fogosa – diz VG.

     - Cala boca, VG. Você nunca nota quando o assunto é sério? Nem sempre a gente pode fazer piadas. – diz Matheus um pouco irritado com a piada feita na hora errada – e como você pretende fazer isso, Grazi?

     - Assim, Matheus – diz Grazi se aproximando de Matheus, ela chega próxima a ele como se fosse abraçá-lo e coloca a sua mão com as chamas nos cabelos de Matheus que acende da mesma forma que o cabelo da moça só que em uma cor dourada. – então é hora de eu lhe explicar como seu dom funciona... – diz a moça abrindo a mão de novo e fazendo todas as chamas voltarem para suas respectivas velas.

                                CONTINUA...

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